O início da
colonização das Américas pelos europeus no século XV marcou a entrada de uma
nova Era para a humanidade, uma Era de grandes transformações da mentalidade. O
contato com civilizações e pessoas de hábitos, crenças, comportamentos e visões
completamente diferentes fez com que o homem europeu pensasse a si mesmo e ao outro.
Esse choque de culturas originou novas ciências, como a Antropologia, que tem
como objetivo estudar o homem.
A primeira
questão com respeito aos povos indígenas que, a primeiro momento, foram vistos
como selvagens e pagãos, era se eles deveriam ser considerados seres
humanos.
Os religiosos da Cristandade que ali chegaram, e tinham o objetivo de
catequizar seus habitantes, foram os primeiros a levantarem essa questão,
porque isso determinaria se seriam convertidos ou não.
A Antropologia,
naquele tempo, mesmo antes do surgimento do evolucionismo biológico de Charles
Darwin, passou a gerar ideias evolucionistas para explicar o processo do
primitivo a caminho da civilização. Os Antropólogos pioneiros acreditavam que a
humanidade possui etapas de desenvolvimento, tendo como ápice a civilização. O
entendimento então passa a ser de que os povos primitivos, que habitavam a
América, tinham como destino chegar à civilização, assim como os europeus já
haviam chegado. Os europeus passam a concluir que deveriam cumprir a nobre
missão de colonizar esses povos e acelerar seu progresso rumo à civilização.
De fato, a Antropologia,
a princípio trabalhou a serviço da colonização, bem como a religião. Uma visão
etnocentrista a favor dos europeus e em detrimento das culturas indígenas passa
a ganhar corpo.
Mas, em décadas recentes, o empenho de alguns cientistas
antropólogos e de outras especialidades, tem demonstrado através de muita pesquisa e reflexão que o que determina se uma comunidade é desenvolvida ou não, não é o
avanço tecnológico, mas que cada civilização deve ser vista em si mesma, não em
comparação com outras, mas pelas suas próprias peculiaridades. Assim, mesmo
vivendo nas florestas, as comunidades indígenas podem ser vistas como
evoluídas pelas riquezas de suas culturas e tradições.