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sábado, 17 de dezembro de 2016

Canibalismo e a Conquista da América Espanhola

   Quando os espanhóis chegaram à América em 1492, se depararam com diversos povos que ali viviam. Três deles se destacavam: os Astecas, os Maias e os Incas. Estes povos eram totalmente estranhos aos espanhóis que, aos poucos passaram a conhecer os seus costumes, dentre estes, o antropofagismo, que era praticado por alguns, inclusive pelos astecas e maias. Alguns estudiosos sugerem que esta prática era de caráter puramente religioso.
Os Astecas, por exemplo, capturavam pessoas de tribos inimigas para, na ocasião de cerimônias especiais, praticarem o canibalismo; não faziam isso com pessoas do seu próprio povo.



   Os espanhóis, cristãos, consideraram essas práticas como macabras, aberrantes e coisa do diabo. Muitos espanhóis também se tornaram pratos desse canibalismo mesoamericano. Passaram então a se convencer de que deveriam subjugar esses povos, impondo-lhes os seus costumes, a sua religião e, até mesmo, escravizando-os, pois necessitavam de trabalhadores para explorarem as riquezas que lhes interessavam como o ouro e a prata, por exemplo. Os que oferecessem alguma resistência deveriam ser dizimados da face da terra. E foi o que aconteceu.
   Fica claro que os espanhóis tinham dois grandes objetivos na América: um era explorar as riquezas minerais como ouro, prata e cobre - na época, as nações europeias estavam ávidas pela busca de metais preciosos, pois o poder e a riqueza de cada nação mediam-se pela quantidade que possuíam desses metais; o outro era catequizar os povos indígenas, porém, fica evidente que se utilizavam do segundo objetivo para conquistarem o primeiro.
  Assim, os espanhóis passaram a cometer inúmeras atrocidades contra esses povos pela crueldade, pela fome, pelo trabalho forçado e pelos maus tratos a que os submetiam. Milhões foram massacrados, muitos povos foram completamente aniquilados da face da terra, milhares de idiomas foram esquecidos porque não havia mais ninguém para o praticarem. Os espanhóis adentravam nas colônias e as incendiavam, massacravam até mesmo crianças, idosos e mulheres grávidas.
   Esse massacre que os europeus fizeram na América foi denunciado por alguns, dentre eles, Frei Bartolomé de Las Casas, que conviveu com esse cenário e descreveu vividamente muitos fatos.


   O autor Montaigne escreveu: “Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um corpo entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, ... ; e isso, em verdade, é bem mais grave do que assar e comer um homem previamente executado” . [Montaigne, Michel de. Ensaios I. São Paulo: Editora Nova Cultura, 2000. (Coleção Os Pensadores), p 199]

   Essas palavras fazem um comparativo entre o canibalismo praticado pelos mesoamericanos e as atrocidades praticadas pelos espanhóis.

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